quinta-feira, 21 de setembro de 2017

A FPA igual a ela própria...



Imagem do Blogue “Fãs da Psicanálise”


A FPA (continua) igual a ela própria...


José Pires, presidente da Federação Portuguesa de Autocaravanismo (FPA), considera que o “Algarve é ainda uma região bastante sensível relativamente ao autocaravanismo” e acredita que a solução passa pela “criação de mais espaços dedicados a este tipo de turismo, já que as pessoas tendem a ir para os locais onde se sentem mais confortáveis”. “, pode ler-se num artigo de Cátia Marcelino publicado no “POSTAL” (ver AQUI) a 16 de Setembro passado.

Logo de seguida Cátia Marcelino refere que “Da mesma opinião partilham os responsáveis da RAARA, que verificam que “sempre que há uma área de serviço, cerca de 80% dos autocaravanistas vão para lá em vez de irem para os locais clandestinos”. Ou seja e segundo a autora, José Pires e os responsáveis da RAARA (Rede de Acolhimento ao Autocaravanismo na Região do Algarve) estão sintonizados.

Esta alegada sintonia entre José Pires (presidente da FPA) e a RAARA (um produto da CCDR-Algarve) não augura nada de muito bom para o autocaravanismo e para os autocaravanistas portugueses.

Recordo que a RAARA não é (ainda) o culminar de toda uma estratégia delineada pela “Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve” (CCDR-Algarve), estratégia que foi iniciada oficialmente em Julho de 2008 com a divulgação do documento “Caracterização do Auto-Caravanismo na Região do Algarve e Proposta para a Definição de uma Estratégia de Acolhimento” (ver AQUI).


Vejamos alguns dos passos da estratégia delineada pela CCDR-Algarve:

- Em Julho de 2008 é divulgado pela CCDR-Algarve o documento “Caracterização do Auto-Caravanismo na Região do Algarve e Proposta para a Definição de uma Estratégia de Acolhimento” cujo conteúdo indicia e “oficializa” o início da discriminação negativa do veículo autocaravana.

- O CPA é a primeira (e que saiba única) associação com personalidade jurídica essencialmente vocacionada para o autocaravanismo a contraditar em Setembro de 2008 o documento divulgado pela CCDR-Algarve. É uma opinião não muito aprofundada, mas suficiente para realçar alguns pontos negativos do documento da CCDR-Algarve que são contrários à política defendida pelo CPA em 2007 (ver AQUI).

- É o próprio documento da CCDR-Algarve (a páginas 101, 102 e 103) que reproduz as preocupações do CPA de Maio de 2007, onde já é referida a necessidade de se fazer a distinção entre acampar e estacionar em autocaravana.

- Representantes da Direcção do CPA e da Comissão Coordenadora da Delegação Regional do Algarve do CPA reuniram com a Associação de Municípios do Algarve (AMAL) e com a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve, no dia 6 de Fevereiro de 2012, em Faro, com o objectivo de analisar os critérios para a constituição de uma “Rede de acolhimento para o autocaravanismo na região do Algarve” que, 3 anos depois, são oficialmente concretizados na apresentação pública realizada a 11 de Dezembro de 2015, no Camping Turiscampo, em Espiche (Lagos) (ver AQUI).

- Compreendendo a gravidade dos critérios o CPA propôs, para os poder apoiar e apoiar a RAARA, a inclusão de 5 pontos que foram divulgados no Comunicado do CPA de 2012/03 de 7 de Fevereiro e que, não obstante a argumentação dos representantes do CPA, não foram aceites pela CCDR-Algarve e pela AMAL. (Curiosamente, o presidente da FPA, segundo o que está escrito no "POSTAL", está sintonizado com a RAARA, que mais não é que um dos meios que a CCDR-ALgarve usa como estratégia para proibir as autocaravanas de estacionarem como outro qualquer veículo de igual gabarito. O CPA, que defende valores e princípios, nunca esteve sintonizado com as estratégias e objectivos da CCDR-Algarve)


A apresentação da “Rede de Acolhimento ao Autocaravanismo na Região do Algarve” (RAARA) é a última acção relevante, de que tenho conhecimento, através do “Sul-informação”, promovida pela CCDR-Algarve, pela Região de Turismo do Algarve (RTA), pela AMAL e pela Associação de Turismo do Algarve (ATA) e surge na sequência da estratégia definida há 9 anos pela CCDR-Algarve no documento intitulado “Caracterização do Auto-Caravanismo na Região do Algarve e Proposta para a Definição de uma Estratégia de Acolhimento”.

(Também, intencionalmente ou não, mas com propósitos semelhantes, a Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal (FCMP) numa audiência na Assembleia da República (ver AQUI) junto do Grupo de Trabalho de Turismo da Comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas parece estar sintonizada com os objectivos da CCDR-Algarve. Até à presente data nunca a FCMP veio a público esclarecer a proposta legislativa que fez e que contradiz a Declaração de Princípios (ver AQUI) que subscreveu. Esta atitude da FCMP foi, aliás, a "gota de água" que impediu o CPA de manter a filiação na FCMP por deliberação dos associados em Assembleia Geral)

Poderemos pois concluir, em última análise, que é com a CCDR-Algarve que José Pires, presidente da FPA, está em sintonia?

Aguardemos (sentados de preferência), que a FPA venha clarificar e/ou desmentir esta estranha (?) sintonia e, sobretudo, repudiar publica e oficialmente as intenções que estão alegadamente subjacentes ao projecto RAARA.



(O autor, todas as Quintas-feiras, no Blogue do Papa Léguas Portugal, emite uma opinião sobre assuntos relacionados com o autocaravanismo (e não só) - AQUI)



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