sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Autocaravanismo - Encontro Gesto EcoSolidário em S. Pedro do Sul - 2013

Para não esquecer…

Autocaravanismo

Encontro Gesto EcoSolidário em S. Pedro do Sul - 2013
Foto Reportagem

VII GESTO ECOSOLIDÁRIO, em S. Pedro do Sul no período de 12 a 14 de Abril de 2013. O primeiro GESTO ECOSOLIDÁRIO foi uma iniciativa de um grupo de autocaravanistas Luso-Espanhóis em 2006, em apoio à região devastada por um incêndio em 2005.

As fotos, cuja ordem corresponde à sequência do encontro, podem ser vistas AQUI.

Para ver as fotos em “tela inteira” não se esqueça de pressionar a tecla “F11”. Para voltar ao formato inicial prima de novo “F11”.

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Serra de S. Macário

No maciço da Gralheira, região de S. Pedro do Sul, sugerimos uma caminhada pela Serra de S. Macário, terra de frondosas matas e de aldeias quase vazias. Vale a pena conhecer, cada vez com mais urgência, a sua beleza e história.

Na região de S. Pedro do Sul (Viseu), na serra de S. Macário, em pleno maciço da Gralheira, existe um esquecido pedaço de terra onde velhas aldeias, quase desertas, e frondosas matas autóctones, se debatem por travar a lenta, mas inexorável, marcha da desertificação.

Se algum dia tiver intenções de visitar a serra de S. Macário, então aceite um conselho: faça-o bem cedo, se possível ao raiar do dia. Só assim poderá desfrutar de um espectáculo incrivelmente belo e grandioso. Assim que os primeiros raios de luz despontam no horizonte, o espectáculo começa. Lentamente, as serras que povoam todo o horizonte perdem os tons cinzentos e baços e ganham tonalidades violetas e azuis. O céu, ainda escuro e pleno de pontos cintilantes, levanta o véu empurrado por um clarão que surge a nascente. Sorrateiramente, as manchas brancas de nevoeiro matinal esgueiram-se pelos vales como tentáculos de um gigantesco ser vivo que se espreguiça. Finalmente, quando o disco luminoso se ergue acima do horizonte, atinge-se o clímax: a serra explode em sons e melodias de seres alados, as cores até aí esbatidas adquirem vida própria e o dia começa.

A pé, naturalmente, começamos então a viagem. Primeiro ponto de paragem: alto de S. Macário, junto à curiosa capela do lendário Homem Santo e agora padroeiro da serra. A estrutura, um singelo e austero rectângulo caiado de branco com uma fachada aperaltada com dois obeliscos em granito e uma cruz em ferro, pode causar alguma estranheza a caminheiros menos informados, por se encontrar cercada por um muro em xisto que a oculta completamente até à altura do telhado. O facto, contudo, deve-se, tão-somente, à necessidade de proteger a estrutura dos ventos ciclónicos que frequentemente assolam a serra.

Depois de visitar a capela, e antes de partir, há ainda tempo para perscrutar com os binóculos os extensos bosques de pinheiro-bravo (Pinus pinaster) nas encostas, em busca dos seus mais recentes habitantes – os esquilos (Sciurus vulgaris) – e dos sinais indeléveis das velhas aldeias que o tempo espalhou pelos vales e ladeiras da serra.



Lenda de S. Macário

Diz a lenda que Macário era um homem bom, mas pobre e tinha como profissão almocreve o que o obrigava a fazer grandes viagens.

Um dia, numa das suas ausências, os pais dele, pensando que estaria em casa, vieram visitá-lo. Chegaram cheios de fome e frio.

Em casa estava apenas a mulher de Macário. Ainda tinha restos de sopa que tinha feito para ela e pão e com isso matou-lhes a fome. Como estava frio e a lenha no era muita a ditosa senhora cedeu a sua própria cama aos sogros para que se aquecessem, enquanto ela foi buscar um molho de lenha.

Sem que a esposa soubesse, entretanto Macário chegou de mais uma das suas viagens. Como não viu a esposa foi à cama onde se encontravam duas pessoas a dormir. Como a claridade era pouca no interior do casebre e cego com os ciúmes pensou que seria a sua mulher que dormia acompanhada por alguém. Puxou de uma faca e matou-os. Passado algum tempo a mulher chegou com o molho da lenha e grande foi o espanto de Macário. A mulher perguntou-lhe se os pais já tinham acordado e ele contou-lhe o que tinha acabado de fazer.

Ficou tão arrependido que resolveu castigar-se, correndo montes e montes, sempre a pé e sozinho e jurou a si próprio que se um dia se fixasse em algum lugar seria num sítio bem alto, onde não vivesse ninguém e de onde pudesse contemplar a maravilha da Natureza em toda a volta e aí sim adoraria a Deus para o resto da vida.

Esse local foi o monte de S. Macário que se situa na serra da Arada e actualmente pertence a três freguesias: S. Martinho das Moitas, Covas do Rio e Sul.

Aí viveu pobremente, comendo mel, gafanhotos e répteis assim como rebentos de árvores.

Diz igualmente a lenda que, para se aquecer, vinha à povoação mais próxima —Macieira — buscar brasas e as transportava na mão sem se queimar. Porém um dia, quando transportava as brasas, passou por uma pegureira (pastora) nova, olhou-lhe para as pernas, que por sinal eram jeitosas, e, nesse mesmo instante queimou-se nas mãos.

A lenda não fala da sua morte.

No local mais alto do monte foi edificada uma capela onde se venera o santo e cuja festa se realiza sempre no último fim-de-semana do mês de Julho.

Mais abaixo, a cerca de trezentos metros de distância da capela referida, encontra-se outra que, segundo a lenda, era onde o santo vivia.




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